5 de set. de 2010

Novos caminhos para o litoral


A distância em linha reta entre o trecho sul e Itanhaém (esq.) é de 50 kms. A cidade faz divisa com Parelheiros, na zona sul da capital. Foto: Divulgação


Viajar para o litoral sul paulista na alta temporada, finais de semana e feriados quase sempre é um desafio à paciência dos motoristas que, por vezes, ficam horas em congestionamentos no Sistema Anchieta-Imigrantes. Mesmo com a implantação das chamadas operações descida e subida, as vias não suportam o intenso tráfego de veículos rumo às praias. 
A situação se complica ainda mais para quem precisa, além da Anchieta e da Imigrantes, pegar a rodovia Padre Manoel da Nóbrega em direção a Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe, por exemplo.
Em análise há mais de uma década pelo governo do Estado, uma nova ligação rodoviária entre a capital e o Litoral sul pode estar mais perto de ser construída. Um novo passo foi dado, no fim do ano passado, quando o governo recebeu de uma empresa privada a primeira manifestação de interesse na construção da nova estrada, que ligaria o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas ao município de Itanhaém. 
A Nova Imigrantes, como está sendo informalmente chamada a nova via, permitiria que a viagem, que hoje leva cerca de uma hora e meia – dependendo do local de partida –, fosse feita em 30 minutos. A distância em linha reta entre o trecho sul e Itanhaém 
é de 50 quilômetros.
Sem prazo – A empresa interessada em levar a obra adiante é a Contern Construções e Comércio, que integra o consórcio SPMar ao lado de outra empresa, a Cibe. Desde março de 2011, quando foi assinado o contrato, a parceria é responsável pela concessão do trecho sul do rodoanel e pela construção do trecho leste. 
A Contern informou que os estudos para a construção da estrada estão em andamento, mas ainda não prazo para a conclusão. Possivelmente, a obra deve resultar de uma Parceria Público-Privada (PPP), mas apenas depois que o Governo do Estado abrir um processo licitatório. A autorização para construir a rodovia existe desde 1997, quando o então governador Mário Covas sancionou lei permitindo a contratação de uma empresa para a realização das obras.
Estratégica - A construção da estrada é defendida pelas prefeituras das cidades do litoral sul e por entidades comerciais e empresariais. "Junto com o aeroporto de Itanhaém, a nova ligação seria estratégica para agilizar ainda mais o desenvolvimento da região, em virtude do pré-sal e das atividades da Petrobrás na cidade", afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico de Itanhaém, Chico Garzon.
Segundo ele, a Petrobrás construirá um terminal de passageiros com capacidade para até 500 pessoas. É pelo aeroporto – o 9º entre os 30 do estado em volume de passageiros – que os funcionários da estatal são transportados até as plataformas de Merluza e de Mexilhão.
De acordo com o secretário Garzon, a simples divulgação de que havia uma empresa interessada na construção da nova estrada já desencadeou uma especulação imobiliária na cidade, e a consequente valorização dos imóveis. "Estamos discutindo os impactos da rodovia na região e os investimentos em infraestrutura que deverão ser realizados", afirma.
Segundo Garzon, a facilidade de acesso e o aumento expressivo do número de turistas causarão impactos no meio meio ambiente, sistema viário, saneamento e ocupação do solo, entre outros pontos. "Logo devemos iniciar, inclusive, a revisão do nosso Plano Diretor incluindo estas questões", diz o secretário.
Divisa – A escolha de Itanhaém para fazer a ligação com o trecho sul do rodoanel tem uma explicação simples: , a cidade faz divisa territorial com São Paulo, na altura do bairro de Parelheiros, no extremo sul da capital. Inclusive uma das alternativas, pouco provável, mas ainda não descartada pelo Governo do Estado, é fazer a ligação a partir do bairro paulistano. 
"O município de Itanhaém está se tornando um novo polo econômico regional, com geração de empregos nos setores de comércio e  serviços, ambos passando por diversificação e modernização. Estamos vendo com bons olhos a reabertura das discussões sobre a construção da nova rodovia", afirma o presidente da Associação Comercial, Agrícola e Industrial de Itanhaém (Acai), Eliseu Chagas.
Patamar - Na opinião do dirigente, a Nova Imigrantes, quando concluída, contribuirá para o crescimento do município a patamares nunca antes vistos. Como a cidade de Santos não possui mais espaço físico para expansão, Chagas acredita que Itanhaém receberá grande parte dos investimentos imobiliários e de infraestrutura urbana da  Região Metropolitana da Baixada Santista.
Outro ponto a favor de Itanhaém é a sua localização estratégica, perto da capital, do Porto de Santos. Além disso, segundo o dirigente, o aeroporto da cidade poderá receber, em um futuro não muito distante, voos comerciais. Já existe um projeto que ampliaria a pista do aeroporto para 2,45 mil metros de extensão.
"Somos favoráveis ao crescimento da cidade, desde que ordenado e sustentável", ressalta Chagas. A questão do meio ambiente, por sinal, deve receber uma atenção especial com a construção da rodovia, já que ela cruzará a Serra do Mar, um dos poucos cinturões verdes, ainda com Mata Atlântica nativa, nos arredores da capital.
"O assunto tem de ser discutido pela sociedade. Seria interessante uma rodovia moderna e sem ocupação de suas margens com moradias, como a Anchieta, ou mesmo postos de serviços. Os impactos ambientais têm que ser os menores possíveis", defende o ambientalista Itamar Zwarg, presidente do Instituto Ernesto Zwarg, que se dedica a discussões sobre meio ambiente na região.

Fontehttp://www.dcomercio.com.br/index.php/cidades/sub-menu-cidades/82147-novos-caminhos-para-o-litoral

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